Avacalhadores

Devemos todos tecer loas aos formidáveis mandatários do futebol do Rio.

Ante a indiferença do público ao Campeonato Estadual, conseguiram, enfim, uma forma de chamar a atenção.

Nem discuto quem tem razão sobre o imbróglio envolvendo o lado da arquibancada.

Dessem um jeito de garantir saudavelmente o público, deixando de ser mimados, amadores, antiéticos.

Tivessem um mínimo de tato, organizariam decentemente o desfecho da Taça Guanabara.

Mas, não.

Avacalharam a decisão do turno, jogada de portões fechados, por determinação da Justiça (depois, abertos unilateralmente, como ato final de toda a bandalheira).

Demonstraram ser o que parecem: cidadãos incivilizados, incapazes de sentar para discutir a promoção de um evento.

Em vez disso, fizeram tudo à revelia, de jeito truculento, desrespeitando o torcedor, o futebol, a sociedade e, em maior escala, até a humanidade.

Assistimos neste domingo a um espetáculo grotesco de como execrar de vez um produto já famigerado e relegado às traças.

E a TV Globo, que deixará de transmitir a partir de 2020 o Estadual, há muito inviável comercialmente, sequer encontrará motivo para se arrepender.

Pelo contrário, este escândalo só ratifica sua decisão.

Os atuais dirigentes do futebol do Rio de Janeiro talvez devessem olhar um pouquinho para o passado, para a década de 1970, quando Francisco Horta colocava o espetáculo à frente de tudo – por vezes, até do próprio Fluminense.

Fosse ele ainda o presidente tricolor, o Maracanã estaria lotado, com gente saindo pelo ladrão.

Horta secundarizaria esta questão de lado da arquibancada ou então faria disto um motivo para atrair mais tricolores ao estádio – colocando também o Consórcio S.A. no bolso.

Desta vez, ao contrário do Fla-Flu de quinta, o futebol perdeu.

De 7 a 1 – ou mais.

Nem clima havia para jogo.

Mas teve, com triunfo do Vasco.

Que jogou muito menos bola, mas que executou o que determina a regra da brincadeira: colocar a bola lá dentro.

Fez isso uma vez; o Flu, não, embora tivesse criado para guardar até três ou quatro.

Mas Everaldo e Luciano, nesta, foram dispersos, displicentes na finalização – o que custou ao time o título simbólico do primeiro turno.

O Flu, de Diniz, segue no caminho certo. Ninguém pode dizer que seu trabalho até aqui não vem sendo bem feito.

Mas todos podem cravar que o de Abad, Flusócio e companhia é, disparadamente, o pior da história do Fluminense.

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