Flu faz sete e magia no Maracanã

O Fluminense pintou e bordou no Maracanã.

Entregou arte, encanto e fantasia.

Foi uma atuação primorosa, espetacular.

A melhor sob o comando de Fernando Diniz, segundo o próprio treinador.

A goleada de 7 a 0 sobre o Volta Redonda, da maneira que foi construída — de forma imponente, avassaladora —, fez marejar olhos de pais, filhos, crianças e idosos.

Uma tarde histórica, de gala, presenciada, em comunhão, por quase 50 mil tricolores — e por um eufórico e enfeitiçado Marcelo, na tribuna.

A supremacia do espírito tricolor, como escreveria Nelson Rodrigues, foi também a supremacia física e técnica de um time a cada dia mais articulado, contra um adversário que está na terceira fase da Copa do Brasil (uma anterior às oitavas) e que, neste mesmo Estadual, já havia derrotado o próprio Flu por duas vezes.

O Volta Redonda tem ainda o melhor ataque do campeonato, com 28 gols, um a mais que o campeão da Taça Guanabara, embora este tenha a fortuna de contar em seu elenco com um cometa chamado Germán Cano.

Mais da metade dos gols marcados pelo Fluminense em 2023 são do atacante argentino (14), que superou Conca na lista de goleadores estrangeiros do clube (58 a 56, entrou no Top 5), e Lelê na artilharia desta edição (14 a 13), depois de ter iniciado a partida em desvantagem de três gols.

Sim, o inacreditável Germán Cano marcou quatro vezes nesta tarde de sábado e 12, em suas cinco participações no Maracanã desde o hat-trick contra o Audax, na sétima rodada. A partir de então, foram dois contra o Vasco, mais dois contra a Portuguesa e o gol de empate na vitória de virada sobre o Flamengo, além da quadra na semi.

Cano não para, é insaciável, um fenômeno indiscutível, com 58 gols marcados pelo Fluminense, em pouco mais de um ano de casa.

Que anda a cada dia mais feliz, harmônica e familiar.

Como é gostoso ver o Fluminense assim, com pessoas amigas entre si, desfrutando de suas companhias, carinhosas com as crianças, jogando pelo grupo e pelo clube que o acolhe, abraça e respeita.

O Fluminense hoje é isso — uma grande e afinada família, com amplo sentido de união e responsabilidade, liderada por um excelente treinador, celebrado por suas ideias inovadoras e arrojadas.

Não tenha dúvida: se o Fluminense hoje leva 50 mil pessoas a um jogo de Estadual contra o Volta Redonda, é porque Fernando Diniz devolveu aos tricolores a capacidade de sonhar acordado.

Diniz faz de um limão uma limonada, porque extrai o melhor de cada atleta, fazendo-o acreditar em si e naquilo que pode entregar.

Na goleada de 7 a 0, por exemplo, a doação foi tanta que praticamente toda a equipe jogou muita bola — que partida fizeram Samuel Xavier (abriu a contagem), André, Martinelli (fez um golaço de cabeça), Jhon Arias, Keno e Cano, e que passe magistral deu Ganso para Alexsander marcar seu primeiro gol como profissional.

Tanta eficiência fez da classificação para a final resolvida ainda no primeiro tempo, quando o time adversário desceu ao vestiário nas cordas e com um 5 a 0 às costas.

A despeito de tudo isso, ninguém tem bola de cristal para dizer, com certeza, se o Fluminense conquistará o bicampeonato.

Mas todo mundo tem olhos e discernimento bastante para dizer que, ao menos na bola, o Tricolor vem jogando um futebol de campeão.

***

Fotos: Maílson Santana/FFC e João Garcez (torcida)