O que Nino não soube explicar

Não é tão difícil quanto sugeriu Nino, ao fim do clássico que determinou o fim de uma invencibilidade de quatro anos contra o Vasco, explicar o revés tricolor no Engenhão. O zagueiro, naturalmente, se referia ao fato de o Fluminense ter produzido em larga superioridade (foram 19 conclusões contra apenas nove do adversário), durante os 71% do tempo em que esteve com a bola, e mesmo assim ter deixado o campo com o resultado negativo.

Objetivamente, o Fluminense foi melhor porque é, individual e coletivamente, mais time que o Vasco — e também mais pronto, com trabalho de mais de ano de Fernando Diniz, suspenso com três amarelos para essa partida. Mesmo desfalcado de Samuel Xavier, Felipe Melo e Paulo Henrique Ganso, o Tricolor sufocou o time de Ramón Díaz do fim do primeiro tempo até o erro crasso de André, aos 28 do segundo, num recuo de bola que ainda resvalou em Guga.

Então por que perdeu?

Perdeu, como não soube explicar o zagueiro do Fluminense e da Seleção Brasileira, porque só um time competiu, entrou com gana de vitória, mobilizado, com espírito de decisão. Ao Flu, desde o começo, o clássico sempre pareceu ser só mais uma rodada de Brasileiro. E se, a despeito disso, seu bom futebol sobressaiu, repito, é porque o bicampeão estadual é muito mais time que o Vasco.

Um time ligado, com o dedo na eletricidade, jamais tomaria três gols de bolas levantadas na área, quesito em que tão bem se resolveu contra o Olimpia, que tem o fundamento como uma especialidade. E também não seria tão facilmente batido no posicionamento dentro da área. O Flu jogou bem, mas não vibrou, sua cabeça está claramente no confronto contra o Internacional, pela Libertadores, no próximo dia 27.

Espera-se que até lá os tornozelos de Jhon Arias, que sofreu uma entorse ainda no primeiro tempo, e Gérman Cano, que ficou com a região inchada depois de um pisão de Paulinho (o lance, ignorado pelo árbitro, acabou determinando o gol que abriu o placar, na única finalização do Vasco no primeiro tempo), estejam recuperados.

Marcelo, que marcou o golaço de empate, e André jogaram uma bola redonda (Lima, autor do gol do 2 a 2, e Martinelli também entraram bem), mas tiveram suas atuações comprometidas pelos erros individuais em dois dos quatro gols sofridos.

Dessa vez, nem a ofensividade do Flu, traduzida em números bastante díspares, resistiu a tantos erros defensivos. Que tirem rapidamente as lições da partida para não as repetir na semifinal da Libertadores. 

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Foto: Maílson Santana / FFC

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