Um time em estado de graça

Os torcedores do River Plate promoveram uma cena jocosa enquanto viam o time sofrer a maior derrota de sua história por um jogo de Libertadores.

Cerca de dois mil argentinos entre os 62.505 presentes no Maracanã rodavam a camisa, indiferentes ao fato de os alvirrubros estarem sendo dominados e, naquele momento, perdendo por 3 a 1.

Tudo bem, era mais uma demonstração de apoio incondicional, algo nem tão incomum entre torcidas de futebol. Até aí, nenhuma novidade.

Mas Cano, aos 41, e Arias, aos 46, marcariam o quarto e o quinto gols tricolores, pelo que os millonarios certamente não esperavam naqueles minutos finais. Mas nem assim perderam a pose.

Porque seguiram rodando as camisas, mesmo conforme os gols iam saindo em sequência, sem se deixar abalar com a tragédia — ou pelo menos fingir que não.

A situação, no mínimo engraçada, me remeteu à cena dos músicos tocando violino enquanto o Titanic afundava. Foi impossível não reparar.

Como foi impossível não reparar — e sentir — o que se passou na noite mágica deste já imortalizado 2 de maio de 2023.

Diretoria, time, comissão técnica, fisiologistas, massagistas, psicólogos, preparadores físicos, de goleiros, roupeiros, torcida… Todos, absolutamente todos estão de parabéns pelo resultado esportivo do clube nesta jornada épica, culminada com a mais expressiva derrota do adversário na competição: incontestáveis 5 a 1.

De quando em quando, times de futebol fazem partidas de exceção, que são lembradas por anos, décadas.

Pois, só nestes primeiros meses de 2023, os tricolores já as produziram aos montes, aos borbotões.

Além deste Flu 5 x 1 River, Fluminense 4 x 1 Flamengo, há menos de um mês, já entrou para a galeria de jogos imortais do clássico. Fluminense 2 x 0 Vasco, também pelo Estadual, não pela atuação, mas pelo gol antológico de Cano do meio de campo, é outro que será lembrado por muito tempo. Como Fluminense 7 x 0 Volta Redonda, pela elasticidade do placar numa fase aguda do campeonato (semifinal).

O Fluminense de hoje seduz, encanta e emociona. É mais do que um prazer vê-lo jogar — é um deleite, um momento de puro êxtase, prazer.

Bicampeão estadual e afiado nas três frentes atuais — Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil —, faltava ao Fluminense um desafio internacional que o exigisse em nível máximo.

E para tanto, ninguém melhor que a atual sensação do futebol argentino, o decantado River Plate, pelo seu estilo de jogo agressivo, corajoso e também envolvente no campeonato local, em que é líder disparado.

Respeito, porém, sempre houve, de lado a lado. Elegante em seu discurso, Martín Demichelis já colocava o Fluminense como o melhor futebol do país antes mesmo de vir ao Brasil. Do lado tricolor, Fernando Diniz também elogiou a qualidade do time argentino e foi honesto ao dizer que a expulsão de Gonzalo Pírez foi determinante para que o Flu chegasse à goleada.

O técnico do River disse ainda estar seu compatriota Germán Cano em estado de graça. O xodó da torcida tricolor fez mais um hat-trick no ano, se isolou na artilharia do Brasil (23) e se tornou o segundo maior goleador do clube na competição (oito), agora só atrás de Fred (15).

Ao todo, o pai de Lorenzo já marcou 67 gols com a camisa do Fluminense em menos de um ano e meio nas Laranjeiras, um centroavante absolutamente letal, que caminha firmemente para se tornar um dos maiores de todos os tempos do Tricolor.

De feio mesmo na noite iluminada, só mesmo as botinadas dadas pelos argentinos no picotado (justamente porque violento) primeiro tempo, em que faltou rigidez ao árbitro uruguaio Esteban Ostojich, econômico nos cartões.

O Flu fugiu da armadilha no segundo, fazendo uso da própria experiência e jogando dentro de sua característica, para envolver o adversário, que, exaurido, acabou goleado.

Jhon Arias, que errou na proteção no gol de honra dos argentinos, marcou duas vezes e, como Cano, foi muito celebrado pela multidão e pelo próprio vestiário.

Juntos, Arias e Cano formam hoje o novo Casal 20 tricolor.

Dos céus, Assis e Washington não se enciúmam nem um tantinho — pelo contrário, só louvam e agradecem.

O River volta para a argentina com cinco bolas tricolores na bagagem e a cabeça inchada.

Já o Flu segue em lua de mel com a essência do futebol brasileiro e, tal como sua maravilhosa torcida, louco da cabeça.

Que clama por mais insanidades assim.

***

Fotos: Mailson Santana/FFC.

46 thoughts on “Um time em estado de graça

  1. Ora, ora, cacete, “Steve Jobs do aquém”.

    Se você e os demais não observam esta questão de cronologia dos posts, então, é só começar a faze-lo daqui pra frente e provar que só eu reclamo do “suposto” problema. Se provar, meu computa está ferrado neste TG. Em outros, não vejo nada de errado.

    E se , nas telas de vocês todos, está tudo na ordem, os primeiros, “há três dias”, sempre abaixo dos postados “há dois dias” e assim sequentemente, então, está ótimo. Não há nada de errado.
    Mas, na minha tela no momento, 08, 00 hs do dia 06, há um comentário postado “há três dias”, do Kauã Pereira – respondido por Andrei e Nando, há três dias e dois dias – que não podiam estar cá em cima, porra!

    Estou postando este , as oito horas do dia 06, em cima do Carlos Rodrigues que postou há treze horas.
    Se as telas todas não estiverem assim, então é a minha que está com defeito.
    Observo uma anomalia, e, se ninguém observa, há algo.
    ((06/05/23) – 08, 12hs.
    ppppppppppppppppppppppppp.qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq.pppppppppppppppppppppppp

  2. Caraca, como são chatos Galvão Bueno cover (só fala m….) e Caio Ribeiro cover (elogia todo mundo e é o típico ‘tanto faz, tanto fez’)…
    Pô Juarez, de maneira alguma quero provocar discórdia no bom ambiente do blog. Acho até q são outros dois q fazem isso. Só penso como a maioria absoluta dos torcedores de futebol espalhados pelo mundo…um time grande vive de títulos. Não entendo torcedores comemorarem participações e colocações honrosas, vice-campeonatos, quinto lugar de Libertadores, time com mais posse de bola, etc…mas respeito quem pensa assim.
    Não terei problema nenhum em exaltar e ‘me render’ ao dinizismo, da mesma maneira q fiz em relação ao abelismo, ao muricyzismo, ao parreirismo, ao renatismo, e gostaria de ter feito com o maionesismo, o osvaldismo e até com o drurysmo (lembra dele?😬)…
    mas esses caras passam e o clube fica.
    Repito: time grande tem q conquistar títulos, e já passou da hora do Flu conquistar pelo menos um (umzinho) título continental…na minha opinião. 👍👍

    1. Não, não, Saquaremense, diferente de vc, a maioria absoluta dos Torcedores do Fluminense, independente da distância, tão sempre que possível no estádio, incentivando, torcendo, prestigiando se emocionando, em fim, vivendo o Fluminense.

      Basta ver os públicos nos jogos do Fluminense.

      Graças ao bom Deus, vi, ao vivo, no Maracanã, o meu amado Fluminense, aplicar 4 a 1 no Flamengo e conquistar o título de bicampeão carioca, fora o baile.

      Caso não acredite, aconselho verificar no hotel Elegance, situado no Flamengo. Verifique a presença do hóspede Onivaldo Marmund da Silva e família, 4 pessoas, durante 4 dias. Sexta, sábado, domingo e segunda-feira.

      Não te quero mal, apenas divirjo de vc, não concordo com os seus argumentos/opiniões.
      Vc diz q time grande tem ganhar títulos. O Fluminense é um clube centenário e até o século passado só havia conquistado DOIS títulos,. Aonde vc estava nas décadas de 50, 60,70,90?? E o apelido de “timinho “ o que vc tem a dizer?
      Nando, com toda consideração, tendo lido o q vc leu , a seu respeito e escrito vc sabe por quem e vc dar de ombros, tipo: tudo bem. Não é normal, Nando. Não precisa ser inimigo, mas, é preciso ter dignidade.
      Não se ofenda, acho que vc deve consultar um especialista e buscar ajuda.

      Fluminense é para os fortes!!

      1. Rapaz, vc quer q eu te responda, vou responder…vc acha q eu vou querer o mal de alguém por causa de futebol? Não cara, de jeito nenhum. Mas o q vc faz aqui é querer impor o seu pensamento, a ponto de afastar pessoas q querem comentar, mas desistem. Eu mesmo só o faço pq me diverte…meus filhos (há muitos anos) já me perguntaram como q eu aguento tanta bobagem…e eu respondi : é engraçado, divertido. Não quero mal a ninguém, mas é a minha maneira de pensar, não posso abrir mão dela. Antes do jogo de terça, jornalistas argentinos tratavam o Fluminense como um time grande no Brasil, mas sem nenhuma importância no continente…e que o jogo seria contra o gigante River , 4 vezes campeão da libertadores. Como q eu vou discordar disso?
        Vcs acham normal, se conformam com ‘colocações honrosas’ …eu entendo, mas de maneira alguma aceito isso como ‘normal’. Como q pode um time com tanto oba-oba não ter sequer um título continental??? Repito: respeito quem se conforma com ‘colocações honrosas’ e comemora quinto lugar de libertadores, mas penso de maneira diferente. Só isso, amiguinho (será? 😁😁)

  3. Caros,

    Quem foi, foi, quem não foi, não viu. E eu estava lá 🙂

    Noite inesquecível como foram as da vitória sobre o Boca em 2008; a própria final nos penaltis em seguida contra a LDU; e tantas outras como a mais recente da goleada sobre o Corinthians com o último gol da carreira do Fred.

    Conforme eu já havia comentado aqui: esse é um time que dá espetáculo e que pelo estilo de jogo de vez em quando vai perder como perdeu para o Fortaleza, que é uma ótima equipe e não é tão balada assim.

    Mas… mudando de assunto uma manchete no GE me preocupou:

    “Flamengo faz a melhor campanha no Brasileirão sub-20 pelo 3º ano consecutivo”

    Alguém sabe me dizer o que está havendo com Xerém, já que o Flu sub-20 foi eliminado deste torneio? Será que a diferen$$a está entrando agora nas categorias de base?

    SDs T

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