Fla-Flu clandestino

Sou de um tempo em que Fla-Flu era jogado domingo, no Maracanã, às cinco da tarde. E não tinha conversa. Agora, não. Fla-Flu é jogado em São Paulo, Cuiabá, Cariacica, Volta Redonda, Brasília, e nos dias e horários mais chulos possíveis.

Este, disputado na capital federal, então, foi o cúmulo: quinta, às oito da noite, ambos pouquíssimos tradicionais ao futebol – sobretudo para um clássico do tamanho do Fla-Flu, transmitido, ainda por cima, apenas no sistema pay-per-view (pague para ver), nestes tempos de farta exibição de jogos em canais abertos e a cabo.

Ou seja, antes prestigiado, valorizado, em evidência, hoje o mais importante clássico do futebol nacional, que tem luz própria, e por isso casa cheia, é relegado a um joguinho de fechamento de rodada, num palco pouco comum (e não vai aí nenhuma crítica ao bonito e bem-aparelhado Mané Garrincha) e num horário que pega ainda muitos trabalhadores brasileiros a caminho de casa.

E como PPV não é para a maioria, o benevolente elaborador da tabela do Brasileirão (benevolente com o Fla, registre-se, por acochambrar, privilegiadamente – e, por que não?, indecentemente –, uma sequência de quatro partidas do rubro-negro no Maracanã, antes de saber, claro, que o clássico seria transferido para Brasília) conseguiu o inimaginável: esconder o Fla-Flu.

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Abel embarcou na ideia e escondeu a outra metade do clássico: o futebol do Flu. Ao montar o time no esquema 3-6-1, apenas com o contestado João Carlos na frente, anunciou que a atitude ousada de jornadas passadas, desta vez, não viria a campo. Com muitos problemas no time (ainda desfalcado de Ayrton, Marco Júnior e Pedro), imaginou que montar um ferrolho para tentar surpreender numa escapada – como fez o próprio Fla, recentemente, contra o Atlético-MG, no Independência – era o estratagema mais pertinente a ser executado.

Pois deu tudo errado. Douglas e João Carlos, os substitutos, destoaram, outros como Marlon e Sornoza, peças fundamentais para o funcionamento do jogo proposto pelo Flu, estiveram muito abaixo do rendimento habitual, e o time levado a campo por Abel foi mero coadjuvante no primeiro tempo, que terminou com um gol de pênalti de seu ex-atacante Henrique Dourado, que não marcava havia nove partidas (foto).

No segundo, com a entrada de Matheus Alessandro e Pablo Dyego (que também sentiu e deu lugar ao sempre insosso Robinho), o Flu partiu para o abafa, mas sem muita objetividade. Foi a vez de o Fla ceder campo para fazer o jogo antes idealizado por seu adversário – surpreender no contragolpe.

E em seu primeiro toque na bola – e na única oportunidade em que foi à frente – o Fla chegou lá, com Felipe Vizeu.

Faltou só o de honra do Flu, para que o clássico parecesse uma reprise do duelo de três dias antes, contra o Paraná. Mas, desta vez, nem isso aconteceu.

Com apenas um ponto nos últimos nove disputados, o Flu estaciona na tabela e perde posições. Para recuperar terreno, precisa almejar pelo menos quatro nos desafios que restam, contra Atlético-MG e Santos, antes da parada para a Copa.

O primeiro deles já neste domingo, no Horto, contra o Galo, o terceiro confronto como visitante em quatro rodadas, com o clássico entremeado.

Já o Fla recebe o Paraná, no Maracanã, o terceiro em quatro como mandante.

Nem essa “sorte” o Flu tem tido.

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120 thoughts on “Fla-Flu clandestino

  1. A meu ver, o Abel tá nas cordas para esse jogo de amanhã.
    Seu discurso vazio é confrontado, a cada jogo, com o que a gente tem visto em campo.
    Não dá mais prá esperar prá fazer mudanças e tirar do time pelo menos três dos seus apadrinhados: Renato Chaves, Richard e João Carlos.
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    Entendo que, se ele insistir, por ex., com o João Carlos como titular amanhã, vou entender como um tapa na nossa cara!
    Além de escancarar que pode realmente ter coisa estranha por trás.

    1. Luiz, o q mais desanima nesse Fluminense é saber q pode perder 10 partidas e nada mudará. Sinceramente, eu tinha uma quase certeza da derrota na quinta…e , sinceramente, tá na cara q vai perder amanha também. Admiro a coragem de quem vai, mas eu não gastaria nem 1 real pra ir ao estádio ver esse time horroroso e sem garra…parece q cortaram os cabelos (salários) do time de guerreiros.

  2. Nesse Fla/Flu, o Fluminense iniciou o jogo sem três titulares, e, perdeu o MJ logo, e, durante todo o primeiro tempo, jogou com oito contra dez ainda, dos que correm, pois Sornoza e Marlon não jogaram, e, ainda, perdeu o Pablo no segundo tempo que começou a incomodar a defesa deles, mas foi tirado de campo na maldade pura.

    Sobre esse Marlon , caramba, como esse rapaz jogou pedrinhas contra o Paraná, e, do mesmo modo, contra o Flamengo, e isso pode até ser um problema físico que ele esteja escondendo, até porque já perdeu a posição para o Ayrton, e quer fazer algo para tentar recupera-la fazendo isso tudo que ainda “não fez”, e podendo se complicar de vez. Ele não era tão lerdo assim.

    Mas é aquilo: do time que “já está dando gosto ver”, lá de trás, já há gente listando vários jogadores de novo, que não pode vestir a camisa do Flu, e fazendo o funeral de sempre.

    Eu continuo dizendo que esse time mesmo, se estivesse completo, sem essas contusões típicas de fadiga muscular, ele estaria melhor na tabela, pois há alguns bons valores em certas posições, e jovens ainda, enquanto times famosos estão com vários ex-jogadores muito acima dos trintas, que já deram o que tinha, e estão sendo vistos como esperança.

    Hoje, pode-se dizer que o grande problema do Flu, e de tantos outros brasileiros é falta de dinheiro mesmo, pois não dá para fazer nada sem o “vil metal”, e quem tem algum aprendizado da escola da vida não fica com essa choradeira que a direção tem que contratar jogadores de primeiro nível, desses que já tivemos aqui à pencas, e pelos quais os gringos babavam, porque não há como fazer isso mais.
    (09/06 – 18:00)
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  3. Às vezes, usa-se a licenciosidade poética vale para expressar sentimento. É recurso válido para expor uma reflexão formatada literariamente em ambiente afastado da disciplina hígida do ortodoxo, onde, por metáforas narra-se uma realidade. Mas, não é o caso de o FlaxFlu haver sido clandestino, palavra que em sua medula tem o DNA de ilegitimidade.
    A situação foi simples. O Fluminense, na sua monocordial conduta dos últimos anos, não cumpriu o contratado e tornou-se inadimplente. O credor exigiu seu crédito da maneira menos gravosa ao devedor, no caso, o jogo em Brasília. Aqui, vale dizer, que Roni foi parcimonioso,não buscou o conflito nem o Judiciário, preferiu acordar, coisa que alguns não fazem, Scarpa exemplifica. Não esqueçamos que a liquidação do débito deveu-se, esta é a realidade, à torcida do Flamengo, que propiciou renda capaz de resolver a pendência causada pelo Fluminense.
    Deixaria de ser clandestino o FlaxFlu no Maracanã em um domingo? Por que? Os dois clubes têm expressão apenas no Rio de Janeiro? O resultado financeiro seria melhor? O placar do jogo seria outro, vitória tricolor, mesmo com a escalação que Abel optou para iniciar a partida?
    Vale refletir.
    Na minha opinião, ilegítima foi a escalação inicial da equipe à conta de Abel, e, com isso, dificilmente se obteria um resultado diverso, além de, por não contar com a confiança de sua torcida neste momento, nem portar sua diretoria a mais tênue credibilidade, a dívida persistiria e Roni teria que deixar de ser parcimonioso.

  4. Quem achar que o Fluminense tem problemas apenas em suas finanças desconhece as outras consequências que advém de uma irresponsabilidade que essa administração vem fazendo na condução do Clube.

    Um exemplo é de uma empresa que queira investir em patrocínio vai querer expor sua marca nessa zona que a Fluócio faz dentro e fora de campo?

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