Ceifou e livrou

Ao vencer a Ponte Preta por 2 a 0, no Maracanã, o Fluminense chegou aos 46 pontos e zerou de vez o pequeno risco que ainda existia de não permanecer na Série A em 2018. O clube mira agora uma vaga na Copa Sul-Americana nas duas rodadas finais do Brasileirão, nas quais enfrentará Sport (C), em situação crítica, e o Atlético-GO (F), já rebaixado.

A emoção de Henrique Dourado, que voltou ao posto de artilheiro do campeonato (ao lado de Jô, com 18 gols), dá a medida das muitas dificuldades enfrentadas pelo clube na temporada. O atacante, que marcou o segundo gol tricolor quando seria substituído, já no fim, lamentou os muitos problemas e a trajetória irregular do time, que, mesmo com quase três meses de salário atrasado, mostrou dignidade e respeito à camisa.

Nas últimas dez rodadas, o Fluminense somou 15 pontos, e, à exceção do apagão contra a Chapecoense, só perdeu para os dois campeões nacionais da temporada – Cruzeiro e Corinthians. Isto é, um terço da pontuação atual do time foi obtida justamente no período em que os problemas financeiros se acentuaram, a despeito da venda de Richarlison para o Watford, no meio da temporada.

Contra a Ponte, a expulsão de Naldo contribuiu para que o Flu, empurrado por mais de 20 mil tricolores, chegasse aos gols da vitória, com Douglas e Dourado. A opção de Abel por Marlon Freitas se mostrou ineficaz e, depois de ficar com um a mais, a substituição do volante se tornou praticamente obrigatória.

O técnico tricolor foi, por sinal, o grande nome do Fluminense na temporada. Nem sempre por suas opções táticas. Abel montou um time competitivo no primeiro semestre, mas erra e acerta quase na mesma proporção. Mas, sim, por se portar como um autêntico tricolor, um baita parceiro do clube, administrando problemas em série.

A começar por seu elenco enxuto e combalido, tantas foram as lesões e cirurgias em 2017. Passando pelo desafio de domar o emocional do mais jovem plantel do Brasileiro, que teve de suportar tamanha pressão em ano de grande dificuldade do clube. Colocou-se como escudo aos meninos, blindando-os como um pai faz a seus filhos. Mas não encobertou erros. Foi duro com Wendel e Orejuela quando estes cometeram seus deslizes.

O protesto da torcida é legítimo. Pedro Abad foi o alvo dos tricolores que foram ao Maracanã no feriado de segunda. Espera-se que o humilde presidente tenha aprendido com seus erros em seu primeiro ano na direção.

O mais grave deles, além de recusar o aporte financeiro da Caixa (“A marca do Flu vale bem mais”, disse à época, para depois passar quase todo o ano sem patrocinador máster), foi prometer um ídolo durante a sua campanha e arriscar a permanência do clube na elite jogando o Brasileiro com um time quase todo de juniores.

O Flu, gigante, merece bem mais.

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