Pontos ceifados

Dizer que o Fluminense colocou o Flamengo no bolso, vá lá, seria um exagero.

Mas é impossível não se comover com a entrega de um time quase juvenil ante um adversário, no papel, mais qualificado, embora superestimado por parte considerável da crônica esportiva.

O 2 a 2 (Everton estava impedido no primeiro gol do Flamengo) não premia o esforço do Flu e tira dele a condição de melhor clube carioca no Brasileiro, que detinha desde a primeira rodada.

Papéis são frios, gélidos, por vezes, tudo o que fazem é dar um tapa de maquiagem na realidade.

Em cinco Fla-Flus já realizados na temporada, o Fluminense comandou o placar em quatro.

Também em quatro, o Tricolor sofreu o gol de empate a partir do minuto 40 do segundo tempo – e quase sempre em condições atípicas, com falha clamorosa do goleiro, caso da partida em Cariacica, ou irregularidade no lance, como o que decidiu o Estadual, há menos de dois meses.

Guerrero, Willian Arão, Guerrero de novo e Trauco foram os atletas rubro-negros que, ao apagar das luzes, tiraram do Fluminense a vitória que sempre lhe pareceu garantida.

Sabemos que o “se” não existe no futebol, mas, tivesse este esporte apenas 85 minutos em vez dos regulares 90, obteria o Fluminense quatro vitórias contra apenas uma do rival (a da furada de Renato Chaves, na primeira partida da decisão do Campeonato Estadual).

E o clube estaria em quarto no Brasileiro, com 14 pontos, já que, contra o Vasco, também sofreu o gol de Nenê aos 48.

Imaturidade, inexperiência, juventude?

Não há dúvida. O time do Flu é reconhecidamente pouco rodado. Sua arma está na eficiência de alguns atletas e na alma com que se atira nas partidas.

Diferentemente da de Conca – quase letal.

O argentino campeão brasileiro em 2010 e finalista da Libertadores em 2008 jogou pela primeira vez contra o clube pelo qual havia se tornado ídolo, arranhando desnecessariamente seu prestígio (já que não deverá atuar por muito tempo no rival) com uma instituição que, antes, quase que o colocava num pedestal.

Sua entrada desleal em Orejuela, que acabou deixando o campo contundido, talvez não tenha sido uma ação premeditada, mas fruto de falta de ritmo de jogo, já que a inatividade o pegou por quase um ano.

Não foi poupado pela torcida tricolor, tal qual Bebeto, em 1989, quando estreou pelo Vasco contra o Flamengo, seu ex-clube. Conca foi apupado com vontade.

Mas o argentino passou, e, entre os que estão no Flu agora, meninos como Wendel (autor do primeiro gol) e Richarlison (sofreu o pênalti do segundo) justificaram por que estão entre os mais valorizados do elenco.

Louve-se também o menino Mascarenhas, que mostrou personalidade, ao substituir Leo, preservado por Abel.

Além de Reginaldo, zagueiro que jogou feito gente grande.

E de Henrique Dourado, artilheiro absoluto do Brasileirão, agora com oito gols.

O ponto conquistado no Fla-Flu foi o de número 1.600 pelo Tricolor em Brasileiros da Era Moderna (a partir de 1971), antes da unificação pela CBF das competições a contar de 1959.

Se contra o Avaí, na Ressacada, o Fluminense repetir a intensidade com que jogou o clássico de domingo, o ponto 1.603 será apenas uma questão de tempo.

Ou de horas – 72.

Pelo montinho traíra, a vitória no Fla-Flu foi de Sobrenatural de Almeida.

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