Que beleza, Fluzão!

Foi mesmo uma vitória deliciosa, das mais saborosas. “Uma beleza”, como diria o torcedor tricolor que a degustou. Ele tem boa dose de razão.

Tudo o que amamos, tudo o que é belo, passa. A euforia do gol marcado aos 49 do segundo tempo contra o algoz de uma eliminação polêmica dias antes é um sentimento bonito, genuíno, intransmutável. Mas passa. Os artistas, através de suas obras, insistem em contrariar esta lógica.

Está aí o artista Cícero para eternizar o passado, tentar conter o efêmero. Em tempo breve ou distante, sempre que revisitarmos a primeira vitória do Fluminense na Arena Corinthians, reencontraremos a finalização precisa do meia e a festa incontida dos tricolores em reduto paulista.

Cícero, aliás, já havia sido o responsável pela vitória também por 1 a 0 do turno, em Brasília, findando os confrontos numa “dobradinha dupla” (duas vitórias por 1 a 0, ambas com gols do, por assim dizer, carrasco corintiano).

Seis pontos fundamentais na disputa direta com o atual campeão brasileiro por uma das vagas na Libertadores. Com 43 pontos, o Flu salta mais uma posição na tabela, ultrapassando-o, e está a apenas dois do Santos, quarto colocado, a quem enfrentará daqui a duas rodadas.

Imprevisível, o Flu quebrou a banca e fez olhos antes desdenhosos arregalarem. Quem apostaria que numa série contra Atlético-MG, Chapecoense, Grêmio e Corinthians (estes dois últimos, fora de casa, a quem derrotou pela primeira vez em suas novas arenas), o Tricolor, arrebatador, triunfaria sobre todos os grandes e perderia justamente para a menos badalada Chapecoense (ainda que tivesse em seu encalço o incômodo tabu de jamais tê-la vencida em seis jogos)?

Pois assim foi. Como numa manhã brilhante, o Fluminense vem chegando, clareando o seu caminho, inundando de alegria corações antes ressabiados – até tristes, alguns. Mas a tristeza também é boa, preciso. Torna as pessoas mais ternas. E quando o crepúsculo se vai, faz certa torcida querida vibrar de emoção.

Como é demais esse nosso Fluzão!

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golScarpa cobra falta na área, Magno Alves, lúcido, toca para Cícero, que manda para o fundo da rede de Walter. Eis o lance que deixou mais colorida aos tricolores a semana que entra. O goleiro corintiano foi, por sinal, o responsável por evitar placar mais elástico, sobretudo em chutes à queima-roupa de Marcos Júnior.

Do outro lado, Júlio César vem confirmando tudo aquilo que escrevi a seu respeito logo em uma das primeiras colunas da nova fase deste Terno e Gravatinha (relembre aqui). A diferença para Diego Cavalieri em praticamente todos os fundamentos chega a ser gritante. A defesa que fez com a ponta dos dedos em rebatida contra de Gum foi apoteótica.

Ainda que Cavalieri tenha saído por motivo de lesão, JC vinha pedindo passagem fazia tempo e deveria ser mantido por Levir como titular. Com sobras.

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curtasCurtinhas: Pierre parece ter feito intensivo. Jogou outra partidaça; Mais um pênalti não marcado a favor do Flu, este em Marco Júnior; Marquinho, de novo, entrou mal; Magno, ao contrário, pela enésima vez, foi decisivo; Scarpa fez boa partida, mas perdeu gol feito, aos 42; Haja tecnologia para enxergar impedimento em Gum no lance do gol do Flu. À risca, estava, ok, mas fica por conta dos mal anulados nos dois últimos anos; Fábio Carille escalou o Corinthians com a mesma formação de quarta, para valorizar a posse de bola. Desta vez, porém, o Fluminense ganhou o meio e dominou. Vitória justíssima!

Em tempo: mordido, este Flu faz um bem danado aos nossos olhos, não é não? Que partida!

Em tempo II: o Flu teve raça, brios. Como nunca antes em 2016. Deu no que deu.

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